domingo, 15 de maio de 2011

OAB vai processar autores de ofensas contra nordestinos

O mais recente capítulo de ofensas a nordestinos na Internet será novamente combatido judicialmente pela OAB, Seccional de Pernambuco. Na noite de quarta-feira (12), a desclassificação do Flamengo pelo Ceará na Copa do Brasil iniciou uma enxurrada de mensagens discriminatórias e generalizadas contra a região Nordeste do país.

O presidente da OAB-PE, Henrique Mariano, promete tomar as mesmas medidas que a entidade adotou logo após as últimas eleições presidenciais, quando internautas promoveram uma campanha depreciativa ao atribuírem aos nordestinos a vitória da petista Dilma Rousseff.

Na ocasião, cerca de 600 pessoas foram identificadas e denunciadas ao Ministério Público Federal por crime de racismo e/ou incitação pública à pratica delituosa. O caso está sob segredo de justiça. Por causa de suas opiniões, a estudante foi demitida do escritório de Advocacia em que estagiava

A estudante de Direito paulista Mayara Petruso simbolizou a série de hostilizações por pregar o assassinato de nordestinos. Se condenada por racismo, sua pena pode variar de dois a cinco anos de reclusão.

"A lei é dura, é um crime inafiançável, imprescritível", assinalou o presidente Henrique Mariano em entrevista ao saite Terra Magazine. Segundo ele, "no Twitter, duas pessoas que se nominam Amanda Régis e Lucian Farah reiniciaram os ataques coletivos nesta quarta-feira ".

Outra sequência de manifestações contra o Nordeste tinha ocorrido em junho de 2010, por ocasião das enchentes em Alagoas e Pernambuco. Para o representante dos advogados pernambucanos, essas agressões só terminarão a partir de castigos exemplares.

"Vejo isso com muita preocupação. É decorrente da impunidade. A gente precisa dar um exemplo concreto. (...) Até quando não houver uma efetiva punição a uma pessoa dessa para ser condenada pela prática de crime de racismo, isso não terá uma solução", afirma Henrique Mariano.

Reação da OAB nacional

O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, manifestou ontem (12) seu irrestrito apoio à notícia-crime e à ação apresentadas, respectivamente, pela Seccional da OAB de Pernambuco e do Ceará contra os ataques aos nordestinos feitos no Twitter contra internautas que postaram comentários ofensivos aos nordestinos após a partida entre Flamengo e Ceará pelas quartas de final da Copa do Brasil.

Ophir condenou as ofensas. "Temos que lamentar esse tipo de conduta. É uma espécie de racismo, mas contra a procedência. Um crime previsto, por exemplo, na lei 7.716/89, que já falava em punir a prática e a incitação de discriminação de raça, cor, religião e também procedência".

O teor das ofensas

A torcedora, que se identifica no microblog como Amanda Régis, escreveu: "Esses nordestinos pardos, bugres, indios acham que tem moral, cambada de feios. Não é atoa que não gosto desse tipo de raça".

Outros comentários de cunho preconceituoso partiram do torcedor que se identifica como Lucian Farah. Em três deles, ele diz:

"Acho que eh soo .. bando de viado que roobaram esse jogo ... nordestinos burros!";

"Ei, nordestinos, eu quero eh que vcs se (impublicável) , fmz? seus nordestinos (impublicável) ";

"Só vim no twitter falar o qnto os NORDESTINOS é a DESGRAÇA do brasil .. pqp ! bando de gnt retardada qe acham que sabe de alguma coisa".

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