segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Caminhos para advogados no ano novo

Por João Ozorio de Melo


Hora de tomar decisões para o ano novo. Para muitos advogados empregados, o sonho de fazer carreira solo ou abrir sua própria firma volta à pauta de todo fim de ano. Mas o sonho pode ser mau conselheiro. Aponta um objetivo, mas não fornece os meios para se chegar lá. Vontade de ser o próprio chefe? Pode ser uma motivação para deixar o emprego, não para levar uma firma ao sucesso. O primeiro elemento que o advogado deve avaliar, se quer desenvolver um empreendimento com êxito garantido é se tem ou não um espírito empreendedor, diz a advogada Suzanne Meehle, em um artigo para o blog Solo Practice University.

Essa é a chave do sucesso. Segundo ela, para advogados sem espírito empreendedor, há três caminhos possíveis: 1) Fazer a intenção, neste fim de ano, de encontrar motivação para ser feliz no emprego; 2) abrir sua firma ou partir para carreira solo, mesmo sem esse elemento-chave, sabendo que o caminho será árduo; 3) encontrar um sócio que tenha espírito empreendedor.
Há diferenças fundamentais entre profissionais com ou sem espírito empreendedor, diz Suzanne Meehle. O profissional sem espírito empreendedor olha para o mercado e vê concorrência. O profissional com espírito empreendedor, olha para o mercado e vê oportunidades. Um tem dificuldades para enxergar o que vai diferenciá-lo da multidão de advogados no mercado; outro tem facilidade para identificar seu nicho único, suas qualidades únicas.

O advogado que leva uma firma ao sucesso é antes de tudo um empreendedor, afirma a autora do artigo. Um ser três-em-um, que é um empresário, um marqueteiro e um profissional (não tem, necessariamente, de ser um profissional excepcionalmente qualificado, porque poderá contratar profissionais não empreendedores) — afinal, terá de cumprir as funções de cada um deles ou dividi-las com sócios, se quiser que a firma prospere.

Empreendedores não se atrelam a horários de trabalho, não se apegam ao conforto do lar, nos fins de semana, ou no horário nobre da TV, nos dias úteis. Se são também marqueteiros, sempre há alguma atividade apropriada para fazer marketing. Há que se frequentar associações profissionais (de possíveis clientes ou de advogados); clubes (onde estão os possíveis clientes), organizações comunitárias (de onde saem referências), além de participar de congressos, seminários, encontros sociais, qualquer evento em que será possível fazer relacionamentos. Ou mesmo ir a um "car wash" sofisticado, aos sábados, para conhecer gente.

Um advogado não empreendedor se preocupa muito com a necessidade de um bom capital para abrir a própria firma. Além dos custos fixos, fazer marketing e conquistar clientes pode ser uma atividade cara. Um advogado empreendedor considera que capital ajuda, mas não se trava diante de parcos recursos. Basta fazer marketing de guerrilha, que exige mais motivação do que verbas — e são muito utilizadas por empreendedores descapitalizados. 

Muitas dessas estratégias já foram descritas na ConJur, que já listou as "50 ideias de marketing de guerrilha para advogados. Mas, a fonte de inspiração de advogados empreendedores é inesgotável. E a criatividade, idem. 

A advogada Deborah Gonzalez mandou imprimir a logomarca de sua firma na capa protetora de seu iPhone — um item que pode estar constantemente no ouvido, nas mãos, sobre uma mesa ou balcão no tribunal, no restaurante, no shopping center, em qualquer lugar. Não é um caminhão ou uma camionete com a logomarca de uma empresa, mas é um item visível.

A advogada colocou na capa de seu iPhone, além da logomarca de sua firma, um slogan curto, que definia sua área de atuação, com o custo de US$ 40. Ela disse à sua colega Susan Liebel que encomendou a capa do telefone, já com a impressão, no site Zazzle.com. Susan não só fez a mesma coisa, como escreveu em um artigo para o blog Solo Practice University, como expandiu a ideia: por que não colocar adesivos no laptop e no tablet? O adesivo pode trazer mais informações, como dados para contatos da firma (como se fosse um cartão de visitas) — até para o caso de serem esquecidos, perdidos e encontrados por uma pessoa honesta.

Em um artigo na Inc. Magazine, Eric Schurenberg definiu empreendedorismo como "a perseguição de uma oportunidade sem preocupação com os recursos atualmente sob controle". Isto é, um empreendedor é alguém que percebe e persegue oportunidades, mesmo que não disponha dos recursos (como capital) para fazê-lo. Para Suzanne Meehle, um empreendedor é alguém que quer vencer por esforço próprio, com coragem para dispensar um salário fixo, todo fim de mês. "Não é uma questão de disposição para assumir riscos. É uma questão de carpe diem. ("viver cada momento" da jornada em busca do sucesso).
"No meu caso, quando decidi abandonar um emprego regiamente pago para abrir minha própria firma. A motivação não era o meu ego, não era o desejo de ser minha própria chefe. Foi a oportunidade que vi a minha frente, como uma fruta deliciosa em uma árvore, ao alcance da mão. Foi só pegar. Minha vontade de ter meu próprio empreendimento, a paixão pela oportunidade de praticar advocacia em meus próprios termos, eram maiores do que meu apego a um ótimo salário e as perspectivas de fazer carreira na firma em que trabalhava", escreveu.

No caso de Suzanne, foi mais fácil confirmar que tinha um espírito empreendedor, na hora de decidir pela abertura de sua própria firma. Ela descobriu isso aos 16 anos, quando começou a prestar serviços de babá temporária para custear seus estudos. "Descobri que todas as babás cumpriam sua obrigação: olhar as crianças. Mas eu queria ter mais clientes e ser mais bem paga. Por isso, comecei a cozinhar para as crianças, estimulá-las e ajudá-las a fazer as tarefas da escola e a apanhar os brinquedos espalhados pela casa, depois de colocá-las para dormir. Não demorou muito para minha agenda ficar cheia e para eu me tornar a babá mais bem paga da cidade", conta.

Se há um elemento que torna um país mais desenvolvido economicamente que outro ou que torna um estado mais rico que outro em um país, é a mentalidade empreendedora de seu povo.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Brasil é país dos privilégios, diz presidente do STF

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, falou sobre as prioridades que deverá adotar como líder da Suprema Corte e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Uma das ações, segundo o ministro, será combater a advocacia de parentes de ministros e conselheiros em tribunais superiores, o que ele considera um privilégio indevido. 

“É uma visão minha, mas é muito provável que seja contrária ao pensamento de uma maioria. O Brasil é o país dos privilégios, que são internalizados como se fosse a coisa mais natural do mundo. Parece ser um direito constitucional ao privilégio”, disse o ministro durante entrevista coletiva nesta tarde.

Barbosa disse que “a prioridade número um” no Supremo em 2013 será o julgamento de recursos reconhecidos como repercussão geral. Nesses casos, as decisões em apenas um processo no STF é aplicada a todos os  casos semelhantes em instâncias inferiores, desafogando a Justiça. O ministro disse que colocou sua equipe para analisar a questão em conjunto com tribunais pelo país.

Ainda segundo Barbosa, a pauta das sessões de 2013 será “mais regular”, destinada à “limpeza de processos que estão prontos para julgamento há muito tempo”. Quanto ao processo que apura o chamado mensalão mineiro, Barbosa disse que não é mais relator do caso e que a arbitramento do processo dependerá da liberação do próximo ministro responsável, que ainda não foi indicado pela presidenta Dilma Rousseff.

O presidente ainda disse que, no CNJ, atacará a questão do “patrimonialismo no Brasil” em casos de corrupção e improbidade, mas apenas nos casos que envolvem a competência do Conselho, “sem extrapolação”. Ele também analisará a questão dos supersalários no Judiciário e dará atenção especial à questão carcerária, com estudos, publicações e mutirões para tornar o cumprimento das penas mais humano.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

DataSenado ouve população sobre reforma do Código Penal

O DataSenado divulgou uma pesquisa de opinião sobre a reforma do Código Penal, cujo projeto, o PLS 236/2012, está em tramitação. A consulta foi realizada por telefone, e foram ouvidos 1.232 cidadãos de 119 municípios, incluindo todas as capitais. A margem de erro é de 3%.

Segundo a pesquisa, 89% das pessoas concorda com a diminuição da maioridade penal, entre os quais, 35% indicam a idade de 16 anos, 18% acham que a diminuição deve ser para 14 anos, e 16% acreditam que 12 anos é a idade ideal. Mas 20% das pessoas acreditam que qualquer jovem, independente da idade, deve ser julgada e punida como um adulto.

A redução da pena pra presos que trabalham é apoiada por 70% das pessoa, com maior concentração de opiniões favoráveis na região Centro-Oeste, e menor da região Sudeste. Já a redução por bom comportamento é apoiada por 55% dos entrevistados, e rejeitada por 41%. O apoio cai significativamente quando o bom comportamento se reverte na possibilidade de passar o dia fora da cadeia: apenas 29% aprovam o regime semi-aberto. O aumento do limite da pena máxima é apoiado por 50%, entre os quais, 36% concordam com 50 anos. Os 30 anos vigentes anualmente são aprovados por apenas 17%.

A produção e porte de drogas para consumo próprio foi rejeitada por 89% dos entrevistados. Entre os 9% que defendem a proposta, a maioria, equivalente a 6% do total de consultados, acha que só a maconha deve ser permitida, e 2% do total defendem o uso e porte de outros tipos de droga também. A população mais jovem foi a que se mostrou mais favorável à liberação do consumo.

O aborto deliberado, outro tema polêmico, foi rejeitado por 82% dos entrevistados. No entanto, 78% das pessoas é a favor da interrupção da gravidez quando ela decorre de estupro, e 74% concordam com a medida quando a gravidez traz risco de morte à mulher. Se a gravidez representar grave risco, o número cai para 62%. Neste dois casos, a maioria de pessoas a favor são homens. Em casos de doença grave no bebê, como anencefalia, 67% opinaram a favor.

Segundo o estudo, chama atenção o fato de os homens representarem a maior parte de opiniões a favor do aborto em casos de risco à saúde ou de morte da mulher.

A pesquisa também perguntou sobre a necessidade de se criminalizar atitudes e comportamentos fundados no preconceito e na discriminação contra as pessoas. Os resultados apontam que a maioria dos entrevistados, 85%, acha que tratar mal ou ofender uma pessoa porque ela é estrangeira ou vem de outra região do Brasil deve ser considerado crime pelo Código Penal. Na região Sul, 75% acham que essa atitude deve ser crime, número que chega aproximadamente 87% tanto no norte quanto no nordeste. Nesse mesmo sentido, 77% disseram concordar com a punição daqueles que destratarem homossexuais por conta da sua opção sexual.

Em relação à ortotanásia, enquanto 49% defenderam o poder de escolha do paciente, 48% afirmaram que a lei não deve permitir que um doente pare o tratamento, mesmo que sua doença não tenha cura e ele precise da ajuda de aparelhos para continuar vivendo. Pode-se verificar ainda que o apoio à interrupção do tratamento aumenta à medida que cresce a renda do entrevistado.

População confia mais no STF que no Congresso Nacional

Segundo pesquisa realizada em dezembro pelo Ibope, o Supremo Tribunal Federal tem maior confiança por parte da população do que o Congresso Nacional. Numa escala que vai de 0 a 100, o STF tem um índice de 54, enquanto o Congresso tem 35, ficando no último lugar da lista. A instituição mais bem avaliada é o Corpo de Bombeiro, com 83 pontos. As informações são da Agência Estado.

É a primeira vez que o Ibope mede a confiança do Supremo, então não há como saber se a confiança cresceu ou diminuiu por conta do julgamento do mensalão. A confiança na polícia é de 40 pontos. No sistema eleitoral, de 54, e nos meios de comunicação, 60.

Em junho de 2012, o Ibope fez a medição com um número maior de instituições, incluindo os partidos políticos, que ficaram aquém do Congresso, com apenas 29 pontos. Na atual pesquisa, os partidos não foram incluídos.

Na medição de junho, a Presidência da República teve 63 pontos de confiança, enquanto o governo teve 53.