terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Escândalo da carne de cavalo atinge a Nestlé e uma empresa brasileira

O escândalo da fraude no comércio de carne na Europa respingou no grupo brasileiro JBS. A suíça Nestlé revelou que realizou testes em alguns de seus produtos e constatou que "eles continham carne de cavalo, e não de vaca", ao contrário do que suas embalagens apresentavam.

A carne era fornecida pelo JBS, o maior produtor de carnes do mundo, que havia comprado o produto de outra empresa na Alemanha antes de repassar para a Nestlé.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em matéria assinada pelo correspondente Jamil Chade, em Genebra, "um terço dos britânicos parou de comer alimentos prontos após escândalo".

O "falso alimento" foi primeiro revelado na Inglaterra, há pouco mais de duas semanas, indicando a presença de carne de cavalo em produtos que se apresentavam como sendo carne de vaca, até mesmo em grandes redes de fast-food, como a Burger King.

A polêmica, em poucos dias, se espalhou por vários países europeus, escancarando falhas no sistema de controle sanitário da União Europeia (UE) e uma cadeia de produção envolvendo intermediários, produtos e empresas que, no final da linha, nem ao menos sabem a origem do que estão vendendo.

Mas se até agora o escândalo envolvia empresas de porte médio, a nova revelação demonstra que a fraude está instalada no setor de carnes da Europa e respinga nas maiores empresas do setor. 

A Nestlé, a maior empresa de alimentos do mundo, confirmou que, depois de realizar exames com seus produtos, constatou que "também teria sido vítima da fraude". A informação foi revelada uma semana depois que a própria Nestlé emitiu um outro comunicado garantindo que seus produtos não haviam sido afetados pelo escândalo europeu.

Segundo um comunicado da companhia com sede na Suíça, o fornecedor seria a empresa alemã H.J. Schypke, que fornece a carne à JBS Toledo N.V., uma subsidiária do grupo brasileiro na Europa.

Já a JBS teria usado carne da empresa alemã para repassá-la para a Nestlé. O JBS, em seu saite, informa que fornece "a carne processada de mais alta qualidade, sem concessões". O JBS comprou a Toledo em 2010, por  11 milhões. Com sede em Gent, na Bélgica, a Toledo é especializada em produtos processados de carne bovina.

Procurado no Brasil, o JBS - que tem sede na Vila Jaguara, em São Paulo (SP) não se pronunciou sobre o assunto até o momento.

DNA DE CAVALO

"Nossos testes encontraram DNA de cavalo em dois produtos feitos com a carne fornecida pela H.J. Schypke", admitiu a Nestlé, que garante já ter avisado as autoridades de sua constatação e insiste que não existe risco para a saúde dos consumidores.

Mesmo assim, a Nestlé optou por retirar das prateleiras dos supermercados produtos como o ravióli de carne e o tortelini de carne da marca Buitoni. Essas substituições ocorreram na Itália e na Espanha. Na França, o produto afetado é a lasanha à bolonhesa Gourmandes.

Pedindo desculpas aos consumidores, a Nestlé insiste que vai aumentar a partir de agora os programas de controle de qualidade, adicionando aos exames a verificação de DNA de cavalo em sua produção na Europa. A companhia garantiu que suspendeu todo o fornecimento vindo da empresa alemã e que vai substituir seus produtos atingidos por carne 100% de vaca.

O PERFIL DA JBS

A JBS é a maior empresa em processamento de proteína animal do mundo, atuando nas áreas de alimentos, couro, biodiesel, colágeno e latas.

A companhia está presente em todos os continentes, com plataformas de produção e escritórios no Brasil, Argentina, Itália, Austrália, EUA, Uruguai, Paraguai, México, China, Rússia, entre outros países.
Com acesso a 100% dos mercados consumidores, a JBS possui 140 unidades de produção no mundo e mais de 120 mil empregados. No Brasil, as carnes da JBS são comercializadas com o nome "Friboi".

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