De todas as atividades que Miguel Reale Júnior
já desempenhou na vida, a que melhor o define, e que exerceu por mais
tempo, é a de professor. É livre-docente da Universidade de São Paulo
desde 1973 e professor titular desde 1988. Foi lá também que concluiu
seu doutoramento, em 1971. Tudo na área do Direito Penal.
Fora das
salas de aula, foi ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso,
secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo durante o governo
de Franco Montoro (1983-1987), presidente da Comissão de Mortos e
Desaparecidos Políticos desde sua criação até 2001 e presidente do PSDB.
Mas é a versão "professor" que o jurista deixou aflorar numa entrevista concedida à revista Consultor Jurídico.
O texto
do anteprojeto de reforma do Código Penal, elaborado por uma comissão
de juristas nomeada pelo Senado, recém-enviado ao Congresso, é hoje o
alvo preferido do penalista.
“O projeto é uma obscenidade, é
gravíssimo”, diz. Para ele, os juristas chefiados pelo ministro Gilson
Dipp, do Superior Tribunal de Justiça, não estudaram o suficiente. “Não
têm nenhum conhecimento técnico-científico”, dispara.
Segundo o
professor, faltou experiência à comissão. Tanto no manejo de termos
técnicos e científicos quanto na elaboração de leis. Entre os erros
citados, o mais grave, para Reale Júnior, foi a inclusão de doutrina e
termos teóricos e a apropriação, segundo ele, indiscriminada, da lei
esparsa no código.
“Não tem conserto. Os erros são de tamanha gravidade,
de tamanha profundidade, que não tem mais como consertar.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário