A ministra Eliana Calmon se emocionou ao ser aplaudida de pé, na
despedida do cargo de Corregedora Nacional de Justiça, na sessão
plenária do CNJ, na última terça-feira (4).
“Quem vê a Eliana Calmon pensa que é uma pessoa sem emoção. Mas eu
faço tudo com muita emoção. Acredito muito no que faço porque escolhi a
magistratura para ser a minha profissão, a minha vida”, afirmou a
corregedora.
Não foi a primeira vez que Eliana chorou em ato público.
Ela também se emocionou na entrevista coletiva, em fevereiro último,
quando comentou a decisão do Supremo Tribunal Federal pela manutenção
dos poderes do CNJ, ou seja a competência concorrente, para investigar
magistrados
“O que mais me incomodou foi a posição das associações [AMB, Anamatra
e Ajufe] ao me acusarem de ter cometido crime. Isso me deixou muito
amolada, quase me desestabilizou. Queriam minar minha credibilidade no
Judiciário”, afirmou ao Blog, na véspera da entrevista.
Eliana gozará um mês de férias e vai dirigir a Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), cargo para o qual foi
eleita pelos seus colegas do Superior Tribunal de Justiça.
Eis trechos de reportagem sobre a despedida de Eliana Calmon do cargo
de Corregedora Nacional de Justiça, no relato de Diego Abreu e Helena
Mader, na edição desta quarta-feira (5/9) do “Correio Braziliense“:
(…)
Ela relembrou como foi seu trabalho de inspeção no TJ-SP. “O
ministro Gilson Dipp disse que São Paulo era refratário a qualquer meta e
o ministro Gilmar Mendes comentou que, se eu não entrasse em São Paulo,
não teria feito nada na Corregedoria. Então eu coloquei dois
desembargadores paulistas na minha equipe e tive a percepção de que
conseguiria uma aproximação”, afirmou. Eliana disse que “colocou as
botas de soldado alemão” para ir a São Paulo e fazer uma inspeção no
tribunal do estado. “Daquele dia em diante, as coisas começaram a mudar,
as coisas destravaram lá dentro.”
A ministra explicou que sua missão é “provar que a magistratura é o poder mais construtor da República e da democracia”.
(…)
Ela recebeu uma placa das mãos de Britto, em homenagem a sua
passagem de dois anos pelo CNJ. “Vossa Excelência alentou a cidadania,
separando o operador do patrimonialismo. Tenho muito prazer, honra,
orgulho e gratidão por esse convívio”, disse Britto. O procurador-geral
da República, Roberto Gurgel, e o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, também homenagearam Eliana.
Do “Jornal de Brasília“:
Emocionada e com a voz embargada, ela disse que sabia que o cargo
seria incômodo. “Não tenho limites, uso de toda a minha autoridade,
com humildade, mas com todo empenho. Foi o cargo mais maravilhoso que
exerci nesses 34 anos de magistratura. Eu tive a oportunidade de
conhecer as entranhas do poder Judiciário”, disse.
Segundo informa a Agência CNJ de Notícias, Eliana revelou não guardar ressentimentos:
“Não existe mágoa no meu coração porque eu sou feliz e quem é
feliz não tem mágoas”. Ela também pediu desculpas aos colegas “por algum
desagrado, alguns maus modos. É uma questão de personalidade. No meu
íntimo, sou muito afetiva e quero muito bem às pessoas”, afirmou.
De Mariângela Gallucci, em “O Estado de S. Paulo“:
Em sua despedida do cargo de corregedora nacional de Justiça, a
ministra Eliana Calmon fracassou ontem na tentativa de abrir processos
contra juízes e desembargadores suspeitos de envolvimento com
omissões, irregularidades e atos de corrupção. Tida como rigorosa,
Eliana será substituída amanhã, na Corregedoria, pelo ministro
Francisco Falcão – também lotado no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
(…)
Dez pedidos de vista feitos por integrantes do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ)interromperam o andamento de processos que já estavam
prontos para serem julgados. Eles se referiam a suspeitas, por exemplo,
de incompatibilidade de rendimentos com o patrimônio de magistrados.
Os novos casos serão assumidos pelo futuro corregedor geral, Francisco
Falcão, empossado ontem.
Segundo reportagem da Folha nesta quarta-feira, em
dois anos Eliana enfrentou entidades de magistrados ao investigar bens
de juízes e falou em “bandidos de toga”:
“Precisei usar a mídia e fazer a população saber o que se passava no Judiciário”.
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