O novo secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça,
Flávio Caetano, 41, defende mudanças na lei para possibilitar a demissão
de magistrados que tiverem cometido irregularidades.
Hoje, a maior pena prevista na Lei Orgânica da Magistratura, de 1979,
é a aposentadoria compulsória. “Este é um ponto que realmente tem que
ser discutido. A aposentadoria não é tida juridicamente como punição.
Pelo contrário, é um direito”, disse Caetano na sexta-feira, dia em que
assumiu o cargo no ministério.
Antes, ele ocupava a chefia do gabinete do ministro José Eduardo
Cardozo. “Punição é demissão. É a forma como alguém pode ser retirado do
serviço público. Para os servidores públicos existe a demissão, não
existe a aposentadoria”, afirmou.
Criada em 2003, a Secretaria de Reforma do Judiciário foi
protagonista na criação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e exerce
hoje a função de articular os interesses do Judiciário e do governo.
No caso da lei da magistratura, é o STF (Supremo Tribunal Federal)
quem tem competência para propor mudanças, mas nada impede que o governo
participe do debate.
Atualmente, o presidente do Supremo, ministro Cezar Peluso, esboça um
projeto de lei para modificar a legislação, considerada ultrapassada
até por setores da magistratura. A expectativa é que ele envie o texto
ao Congresso até o final de abril.
“Mexer no bolso” - Ao defender a discussão sobre como efetivamente punir juízes
envolvidos em irregularidades, Caetano engrossa o coro pela modernização
da lei. No ano passado, a corregedora do CNJ, ministra Eliana Calmon,
defendeu que as penas “têm de mexer no bolso” dos magistrados.
Segundo ela, as punições devem também incluir multas e a devolução dos valores obtidos com a venda de sentenças ou outros atos ilegais. Quando defendeu isso, em novembro, ela também chegou a criticar a demora do Supremo em preparar a nova lei.
Com a posse do novo titular, a secretaria vai ter seu nome alterado.
Passará de Reforma do Judiciário para Assuntos Judiciários. Caetano
contou que pretende focar projetos que possibilitem uma maior celeridade
da Justiça. “Aquele velho ditado de que a Justiça tarda, mas não falha
não tem razão de ser. Só por tardar ela está falhando”, disse ele.
Umas das primeiras medidas da nova gestão será lançar uma linha de
financiamento em parceria o BNDES de R$ 300 milhões, ainda neste mês,
para as defensorias públicas dos Estados.
A ideia é que o defensor monitore por meio de sistema informatizado a
execução de penas, desde a prisão até a condenação, para evitar que uma
pessoa fique presa além da sentença. (Folha de S.Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário