O projeto do novo Código de Processo Civil (PL 8046/10)
poderá ser votado em março na Câmara Fderal, segundo previsão do presidente da comissão especial
que discute a proposta, deputado Fabio Trad (PMDB-MS). Até lá, o
relator-geral e os cinco sub-relatores terão de analisar 900 emendas
apresentadas por deputados, 376 contribuições feitas pela comunidade
virtual do CPC no portal e-Democracia e 90 sugestões enviadas por cidadãos via e-mail.
Na
avaliação de Fabio Trad, o grande número de emendas dá a dimensão da
importância do novo Código de Processo Civil e põe fim aos questionamentos sobre a necessidade ou não de reforma do código atual.
“Ficou claro que o projeto está contando com participação da população. A
questão já não é mais se vamos ou não fazer a reforma, mas que tipo de
mudança fazer, com qual extensão e como fazê-la.”
O
Código de Processo Civil trata das regras de andamento de todas as
ações cíveis, que incluem as ações de família, de consumidores, pedidos de reparação de danos, questionamentos sobre contratos, entre
outros. As normas também são aplicadas subsidiariamente na Justiça
trabalhista e em outros ramos.
Para
analisar as mais de mil sugestões, o relator-geral do projeto, deputado
Sérgio Barradas Carneiro (PT-BA), vai contar com a ajuda dos cinco deputados que foram designados sub-relatores: Efraim Filho
(DEM-PB), Jerônimo Goergen (PP-RS), Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), Hugo
Leal (PSC-RJ) e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Além disso, a comissão é
assessorada por um grupo de juristas e por consultores legislativos.
“São quatro níveis de assessoramento”, afirmou Barradas.
Efraim
Filho, sub-relator da parte geral do projeto, disse que tanto os
deputados quanto os juristas vão ter de trabalhar nas férias para dar
conta do volume de trabalho. “Queremos apresentar o relatório em
fevereiro e, por isso, vamos nos reunir com os juristas durante o mês de
janeiro”, disse.
Tanto
o relator-geral quanto o presidente da comissão especial destacaram a
ampla discussão que o projeto teve nos quatro meses de funcionamento do
colegiado. No período, foram realizadas 15 audiências públicas na Câmara
e 11 conferências estaduais, que visitaram as cinco regiões do País. Ao
todo, foram ouvidos 118 palestrantes em Brasília e nos estados.
Sérgio
Barradas Carneiro afirmou que a ampla participação popular é uma
novidade na elaboração do Código de Processo Civil, já que as suas
edições anteriores – de 1939 e de 1973 (Lei 5.869, atualmente em vigor) – foram elaboradas em períodos ditaroriais.
“Agora,
o mundo jurídico tem oportunidade de elaborar o código conosco. Estamos
recolhendo as experiências do dia a dia de todos os operadores do
Direito. Quem quis falar nessa comissão, falou”, ressaltou o relator.
Para ele, o amadurecimento da discussão vai facilitar o aperfeiçoamento
da proposta e simplificar a aplicação do novo código.
A
proposta analisada pela comissão especial foi elaborada por uma
comissão de juristas liderada pelo hoje ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Luiz Fux e aprovada no Senado em dezembro de 2010. O
objetivo principal do projeto é acelerar o andamento das ações cíveis ao
simplificar procedimentos, limitar recursos, incentivar a conciliação e
determinar um rito específico para as ações de massa.
A
principal inovação do texto é a criação do incidente de resolução de
demandas repetitivas, que vai dar uma só decisão a várias ações que
tratem do mesmo tema. Nesses casos, as ações terão a tramitação
congelada para que o tribunal de segunda instância decida sobre a tese
jurídica levantada. Esse procedimento poderá ser aplicado nas várias
ações que questionam contratos com operadoras de telefonia celular,
empresas de TV a cabo e outros serviços públicos.
Além
disso, a comunidade virtual do novo CPC no e-Democracia registrou
20.280 acessos desde a sua inauguração, no início de outubro.
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