Advogados têm pouca confiança na Justiça. Esse foi um dos dados revelados pela pesquisa feita pela Fundace, entidade criada por professores da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, da USP), cujo objetivo era averiguar a quantas anda este poder na visão desses profissionais.
Foram entrevistados 1.712 advogados. Ao serem questionados se pensam que a Justiça trata com igualdade os autores das ações, 55,1% acreditam que o tratamento é pouco igual, 31,1% afirmam não é nada igualitário e 13,1% acreditam que tratam todos igualmente.
O advogado e professor, Marco Aurélio Gumiere, um dos responsáveis pela pesquisa, diz tratar-se de um certo patrimonialismo, ou seja, a preferência por amigos e parentes. E cita que até nas salas de aulas os professores enaltecem a importância de ter boas relações nos cartórios, para ter seus pedidos atendidos com mais rápidez.
Em relação à eficiência da Justiça, 70,1% a considera pouco eficiente. No Nordeste, é alto o índice de reclamação e, para o pesquisa, é possível que isso se deva ao fato de a região estar se desenvolvendo, o que, por sua vez, faz com que a população procure mais a Justiça e se depare com os problemas de infraestrutura.
No quesito honestidade, 54,1% acreditam que ela é pouco honesta e 38% dizem que a Justiça é honesta. "Damos ao advogado a liberdade de pensar o que bem entender a respeito do tema. Essa visão pode se referir a algum setor, alguma pessoa, provavelmente ele acaba lembrando de alguma situação", avalia o pesquisador ao mencionar as respostas.
Outro ponto abordado foi a velocidade de seu funcionamento. Mais de 66% acreditam que ela á muito lenta, e 31,6% acham ela apenas lenta, sem o muito. Falando em preço, 52,5% veem a solução dos litígios como cara, 37,4% muito cara, e apenas, 9,6% acreditam que os litígios são baratos. A região Sudeste reclama menos dos gastos comparados a outros pontos do país.
Quando o assunto é o acesso à Justiça, 50,9% pensam que o acesso é difícil, enquanto 33% acham fácil.
Ainda assim, os advogados estão otimistas, 54% acreditam que a Justiça estará melhor daqui há cinco anos, e 57,3% acham que ela está melhor do que há 5 anos.
No total, 69,3% dos entrevistados são homens, enquanto 30,7% mulheres. 22,7% estão registrados na OAB há mais de 15 anos, e a maior parte, 40,3% está registrado há, no máximo, cinco. Quanto à área de atuação dos advogados, 32,2% estão na área de Direito Civil de Contratos, o segundo lugar fica com Família (28,9%), seguida por Direito Comercial, com 28,5%, e 55,9% são profissionais liberais.
A região Sul é responsável por 20,2% das respostas, 44% da região Sudeste e Nordeste, 21,5% da região Centro-Oeste e 14,3% da Norte. O que chamou atenção de Marco Aurélio Gumiere foi que os resultados dessa pesquisa foram muito semelhantes aos da pesquisa anterior, realizada apenas no estado de São Paulo. (Conjur)
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